Como pode a tarifa do busão de Marília(SP) aumentar em Pandemia? O movimento “Marília pelo Fora Bolsonaro” responde.

Rafael Tavares Dias
4 min readJun 12, 2021

--

12/06/2021

No sábado, dia 29 de maio de 2021, milhares de pessoas da classe trabalhadora se mobilizaram contra o governo de Jair Bolsonaro por todo o Brasil — em mais de 200 cidades — e em outros 14 países. Neste dia, Marília também se somou a este movimento numa manifestação pacífica e organizada.

Agora, neste próximo sábado (19 de junho), às 10h, na Praça da Saturnino de Brito, em frente à prefeitura, haverá a concentração de outro movimento como este e toda população mariliense é convocada para continuar nesta luta, retornando às ruas, para clamar por “Fora Bolsonaro”, vacinas já e passe livre no transporte público.

No dia 1 de maio de 2021 (dia do trabalhador), a tarifa de ônibus circular do município de Marília subiu seu valor para R$4,50. Duas perguntas: a qualidade do transporte coletivo também aumentou? Não. Vemos cotidianamente ônibus quebrarem, motoristas sobrecarregados e poucos ônibus circulando. Então, vem a segunda pergunta: qual é a justificativa para o aumento da passagem? Quem respondeu essa questão foi o povo, no dia 29 de maio, na manifestação “Marília Pelo Fora Bolsonaro”, protestando tanto contra o governo federal, como o local.

O povo foi às ruas pelo “Fora Bolsonaro” e pelo passe livre porque sente efeitos negativos neste segundo ano pandêmico. O cenário da crise sanitária em Marília é tão caótico quanto no resto do país. Segundo o boletim de contaminações diárias do nosso município, de quinta(10) para sexta foram 1.220 casos confirmados de COVID-19. Este número de contágios em um único dia é um recorde “non grato” para cidade. Mas disso constata-se que, nesta altura da pandemia, o panorama sanitário do Brasil não está melhorando, ao contrário, está se mostrando cada vez mais grave. Como é possível?

A resposta é tristemente simples: a CPI do covid-19 mostrou, pelo menos, 11 recusas do governo federal na compra de vacinas. Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, disse que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinação. Em outras palavras, a negação da compra da vacina, melhor arma contra a pandemia, pelo governo federal escancara uma política de morte. As quase 500 mil mortes brasileiras são de responsabilidade do governo Bolsonaro. A consequência dessa política verifica-se localmente em Marília com a superlotação de todos os hospitais e dos leitos de UTI.

Além da negação das vacinas, também teve o gigantesco corte na política de renda básica do Auxílio Emergencial. O valor deste auxílio diminuiu de R$600,00 para R$300,00, e, desde março de 2021, foi instituído o valor de R$150,00, limitado a uma pessoa de cada família. Paulo Guedes, ex-chicago boy, afirmava que o valor original do auxílio quebraria a economia do Brasil, mas hoje podemos verificar o aumento do custo dos alimentos, do combustível, dos aluguéis e do transporte público. Guedes mentiu. O que quebra o Brasil não é comida na mesa do povo comprada com auxílio, mas sim a política privatista de diminuir gastos públicos para

entregar aos bancos e corporações transnacionais. A realidade, por outro lado, não mente. Segundo pesquisa do DIEESE, no estado de São Paulo, o valor da cesta básica para uma família composta por dois adultos e duas crianças é de R$626,00. Como comer três vezes ao dia com apenas R$150,00 no bolso de cada família? Claramente, uma conta que não fecha. O Brasil está voltando para o mapa mundial da fome!

A manifestação do dia 19 de junho, chamada em todo Brasil, também põe em xeque a situação dos trabalhos e empregos no país. Atingimos, atualmente, a taxa recorde de desemprego — 38 milhões de subocupados, sendo em torno de 15 milhões de desempregados e 6 milhões de pessoas que deixaram de procurar emprego pela inexistência de vagas. Para os que permanecem ocupados restam baixos salários e falta de direitos trabalhistas.

Como se não bastasse o desemprego e a fome, a população mariliense viu a tarifa da passagem de ônibus subir para R$4,50. São R$9,00 reais por dia para poder trabalhar. Qual pode ser a justificativa deste aumento, se não o nítido interesse das empresas de ônibus de lucrarem às custas do sofrimento do povo?

No governo Bolsonaro, com seu negacionismo e sua política genocida, as empresas de ônibus locais (e a prefeitura conivente) não têm medo de dizer que acreditam que seus lucros valem mais do que a vida do povo, nossas vidas.

Contraditoriamente a tudo isso, 11 novos bilionários brasileiros surgiram em 2021. Será que eles e nós estamos no mesmo barco?

Campanha “Fora Bolsonaro” de Marília, aqui representada por:

Rafael Tavares Dias — Professor da Secretaria de Educação do Estado de SP, militante da Resistência Popular Estudantil — Núcleo Marília

--

--